segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Prólogos

Hoje soube que ia morrer, e supliquei
às vozes do Hades que em mim se enlaçavam
o preço, o valor, o ponto da passagem
que levarei no fim, memória da viagem.

Mas as colunas douradas, que a sustentam,
no fundo da espiral, do vórtice que sou,
vibraram na vida que se escoa e nasce,
flamejando flores em que o prazer cresce,

porque o segredo escuro que me ata, leve,
cobre a voz da sereia e atiça o lume
das vozes que do fundo sobem e me enleiam

e os laços que me ligam à minha própria morte
são fogo que me nutre e assegura a vida
dos rostos mudos do presente que me basta.

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